A dificuldade de acesso nem sempre significa retrocesso para
uma comunidade. Principalmente quando está inserida em um paraíso, com uma
potencialidade muito grande para o turismo seletivo. É o caso da exuberante
Garapuá, situada na Ilha de Tinharé, no Baixo-Sul baiano, pertencente ao
município de Cairú.
No último final de semana tive o prazer de conhecer este
tesouro da costa baiana, localizado entre Morro de São Paulo e Boi Peba. Com
dois quilômetros de praias e uma vila habitada por cerca de 800 moradores, a
localidade pode ser acessada por terra, a partir do Morro, de 4x4 ou trator, ou
pelo mar. Porém o acesso mais fácil e direto é pelo cais de Valença.
De barco (R$ 10 por pessoa), o percurso é feito em 2h, em
uma bela viagem pelo Rio Una. São paisagens únicas na navegação pelo meio do
manguezal. O mesmo percurso é feito também de lancha rápida (R$ 30 por pessoa),
em 40 minutos. Após a chegada nos portos da Batateira ou do Cemitério, tem mais
um trecho de trator jardineira ou de 4x4, até a vila (cerca de 20 minutos).
Na praia, Garapuá é limitada por dois belos manguezais. No
sentido sul, está uma das mais gostosas atrações do lugar. Uma bancada de
recife de coral, onde estão as piscinas naturais. Dá pra ir andando. Porém o
mais rápido e confortável é ir de barco, saindo do Kiosk do Pipoca ou da
barraca da Iracema, duas das principais atrações gastronômicas da ilha. Próximo
das piscinas, fica um interessante bar flutuante.
Garapuá possui poucas opções para comer e para se hospedar e
isso é o que torna o lugar exclusivo e mágico. Algumas pousadas ficam fechadas
na baixa temporada e à noite só tem o restaurante da Naná para jantar. A comida
das barracas são muito boas. Uma indicação para se hospedar é a pousada Garapuá,
do simpático e solícito Roberto Pepê.
Roberto conheceu Garapuá em 1972 e se encantou pelo lugar.
Passou a frequentar desde então. Em 1984 comprou um terreno e um ano depois
construiu uma casa. Nos anos 90 resolveu transformá-la em pousada e há 10 anos
passou a morar definitivamente na ilha.
Serviços básicos
A população de Garapuá vive essencialmente do turismo e da
pesca e uma pequena parcela é de servidores públicos, da prefeitura de Cairú.
Nascido em Garapuá, o pescador Valdo mergulha cerca de 20 metros em apneia (no
peito) e chega a pegar 10 quilos de polvo, sua especialidade, em cada sessão. “Comercializo
tudo em Morro. Lá tenho meus clientes certos. Graças a Deus consigo vender tudo
que pego”, explica Valdo.
Apesar de pequena e isolada, a comunidade de Garapuá conta
com os serviços essenciais, oferecidos pela prefeitura de Cairú. Tem escola de
ensino médio e creche com turno integral. Conta também com uma ‘ambulancha’, que
é um barco ambulância com serviços de saúde e resgate. Percebe-se também o
cuidado da gestão municipal com a limpeza e o ordenamento da pequena vila.
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